terça-feira, 9 de junho de 2009

O futuro da Água, do Ar e do Átomo

O mais espetacular de Aquário virá sem dúvida no terreno científico. Já estamos assistindo ao início do que a nova era significa a nível técnico, como se a ciência fosse adiante da moral. Aquário tem como característica a técnica, a invenção, a criação, a originalidade... desenvolvidas no meio que define a este signo: o ar.
Se o homem movia-se com agilidade na água durante a era de Peixes, é agora o espaço o meio que dará abertura à marcha da humanidade. Já passamos do mar ao ar e timidamente nos lançamos ao espaço que parece abrir-se a nós como algo promissor, como um meio no qual a fraternidade, o entendimento, estarão presentes. Sem dúvida, Aquário reúne todos os requisitos necessários para que o homem saia de seu enclausuramento terrestre e espalhe-se pelo Universo, para que de homem terrestre se transforme em homem cósmico. Mas, abandonemos a astrologia e contemplemos o panorama que nos rodeia: é de espanto.
A contaminação pode matar-nos
Neste mesmo momento, enquanto você está lendo esta página, uma dezena de caminhões blindados atravessa os vastos areais pedregosos do deserto do Arizona, levantando em seu caminho uma nuvem de poeira dourado contínua e densa. Discreta proteção oficial, composta de alguns helicópteros do Exército dos Estados Unidos, dá escolta aos veículos.Estas viagens misteriosas, são levadas a cabo não somente através do deserto do Arizona ou pelas desproporcionais estradas que margeiam Sierra Morena na Espanha até chegar ao escondido povo de Valdeinfierno (Vale do Inferno), cujo nome por si só não pressagia nada bom. No mundo existem muitos desertos e muitos poços profundos no oceano que vão armazenando milhões e milhões de toneladas de resíduos radiativos dos grandes centros nucleares. Resíduos que conservam parte de sua atividade, energia suficiente para estar enviando para os quatro pontos cardeais do planeta radiações mortíferas durante séculos.
A tecnologia atual não é capaz de aproveitar estes resíduos, ou não é rentável para os grandes impérios econômicos fazê-lo. Os materiais desprezados continuam guardando nos núcleos de seus átomos a suficiente carga para recordar aos homens o estúpido atentado que estamos levando a cabo contra o Universo.
Ativamos os minerais e continuamos ativando-os desconhecendo qual é o recurso que interromperá em um instante seu perigo. E o que fazer com todos esses resíduos, que já não são úteis, mas que conservam seu perigo, milhões e milhões de toneladas? Os cientistas deram uma resposta simples, e talvez não tenha outra: levá-los o mais longe possível, enterrá-los no mais profundo. no lugar mais oculto, com muita terra por cima e por baixo, para que não possam fazer escapar sua vingança; com quilômetros de águas negras desde o fundo à superfície para que fiquem ali escondidos para sempre.

Podemos contudo deter a força do átomo?

Não ocorreu nada. De momento. Mas pensemos em que a atividade dos resíduos possa durar centenas ou inclusive milhares de anos, que isso ainda não se sane com exatidão, e que a energia ali armazenada desprende calor e continuará desprendendo-o durante séculos. No interior da fossa, onde as correntes de água são difíceis, ou sob a areia, a temperatura está subindo. Essa temperatura tende a propagar-se por toda a massa de água e terra que cobre o planeta. Os cientistas concordam na magnitude do desastre ecológico que acarretaria o fato de que a temperatura dos oceânos subisse, ainda que fosse uns poucos graus. E o tremendo tributo que temos de pagar à técnica. E pode significar a comodidade e o progresso em troca da destruição total da Terra se não for encontrado um remédio a tempo. Michel Bosquet já o expressou em uma bela frase: "A humanidade necessitou trinta séculos para tomar impulso; lhe restam trinta anos para parar antes do abismo".

O átomo, esse inimigo

A radiatividade era medida até há alguns anos tomando como unidade o cúrio, equivalente à radiação de um gramo de radio. Antes da segunda guerra mundial as existências totais de radiatividade em todo o planeta eram de 10 cúrios, isto é, a produzida por dez gramos de radio. Recordemos que o fato, por outra parte infreqüente, de que o desaparecimento de uma finíssima agulha contendo alguns poucos microcúrios (milionésimas de cúrio) era notícia de primeira página nos jornais. A radiatividade praticamente não existia.
Na atualidade se fala de megacúrios, milhões de cúrios, para medir nossa contaminação radiativa. Evidentemente e tendo em consideração o processo atual de seu emprego acelerado, as substâncias radiativas serão utilizadas cada vez mais na indústria, com o que deverão aumentar os riscos dos acidentes individuais produzidos na mesma fábrica ou na manipulação e transporte dos resíduos que, conseqüentemente, aumentarão extraordinariamente.

A radiação, fonte de enfermidades genéticas

Parece seguro, de acordo com as mais recentes pesquisas, que se continuar crescendo o nível contaminante, dentro de uns cinqüenta anos as tireóides humanas apresentarão uma concentração de radio muito considerável e o câncer tireóideo terá aumentado em 50%. Foi comprovado também, mediante estatísticas, que cada ano a precipitação radiativa que produzem os testes atômicos provocam entre 2.500 e 13.000 casos de defeitos genéticos graves.
Mas deixando de lado esta série de conseqüências diretas, convém significar o fato de que os resíduos radiativos gerados pelas cada vez mais freqüentes experiências nucleares explosivas, não se desvanecem, mas se espalham pela atmosfera caindo sobre a terra em forma de chuva e unindo-se assim aos já catastróficos efeitos produzidos pela devolução de emanações provenientes de combustíveis fósseis. E produzida a temida "chuva ácida" contra a qual os cientistas não fazem mais que prevenir-nos.

A alimentação, uma contaminação direta

Por outro lado, já podem ser detectados restos de uranio 235 e plutônio 239 nos peixes, que há muito tempo vêm absorvendo o indestrutível mercúrio com que bombardeia a indústria convencional os rios e mares. Logo nós encontraremos em nossas rações de pescado, resíduos de estrôncio 90, cério 137, substâncias que além de nocivas são particularmente imperecedouras. Contudo não pelo fato de deixar de comer produtos do mar vamos ficar a salvo. Estes mesmos resíduos caem junto com a água que os alimenta em todos os cultivos. Já foram produzidas mortes pela elevada quantidade de cádmio absorvido pelos cereais.Qualquer planta está contaminada e os efeitos dessa contaminação recairam definitivamente sobre o homem que é consumidor final de animais que se alimentam de vegetais, nos quais a radiatividade é concentrada nas folhas e nos caules mais que nas sementes, circunstância que prejudica aos animais herbívoros especialmente. No homem, elo final da longa cadeia alimentícia, a contaminação indireta é produzida através do tubo digestivo, após ingerir alimentos vegetais ou animais contaminados. O leite, por exemplo, é um dos mais importantes veículos de contaminação indireta na maioria dos países; isso explica que os ossos das crianças, cujo principal alimento é constituído pelo leite, contenham mais estroncio 90 que os dos adultos.

A crise do oxigênio

A quase totalidade do oxigênio que o planeta Terra respira provém das diatomeas (espécie de algas), diminutos vegetais que flutuam livremente no mar e que por sua vez constituem o elemento básico da alimentação para a maioria dos peixes. O oxigênio da Terra estaria esgotado totalmente dentro de dois mil anos se não fosse reposto continuamente mediante a fotossíntese vegetal, processo pelo qual as plantas elaboram açúcar a partir do dióxido de carbono e a água da atmosfera. Nesta reação, que é produzida em presença do sol, o vegetal cede oxigênio procedente do dióxido de carbono que absorve. As últimas pesquisas permitem afirmar que 70% do oxigênio que existe provém das diatomeas, e o restante, da vegetação terrestre. Mas se os inseticidas e outras impurezas reduzem a quantidade de diatomeas, fenômeno que há muitos anos vem sendo produzido em grande escala, ou estas evoluem para mutações menos prolíficas, e os bosques continuam sofrendo seu processo de destruição pelo corte e os incêndios, poderia chegar o momento em que faltasse o oxigênio e, conseqüentemente, toda vida animal chegaria a extinguir-se.

Cada vez necessitamos mais oxigênio

Atualmente o ser humano procede a destruir o oxigênio em muito maior quantidade do que vinha fazendo até agora. Todos os veículos de motor, aéreos, terrestres e marítimos, consomem o precioso elemento, em especial os aviões, cujo gasto é brutal. Pensemos que um Boeing 707 queima 35 toneladas de oxigênio cada vez que cruza o Atlântico, e é calculado que tem 3.000 reatores sobrevoando por todos os ares do mundo em todo momento. Um cálculo estimativo sobre o ano 2.000 eleva o consumo de oxigênio, somente pela aviação, a 10 vezes o atual. Somemos a este consumo o das fábricas, as calefações, incineradores de lixo, etc., elementos que o progresso vai colocando sem cessar nas mãos do homem. O índice de produção-consumo do oxigênio será tremendamente desequilibrado, negativamente desfavorável, dramaticamente desproporcionado. Porque o ciclo natural de regeneração é capaz de satisfazer as necessidades dos animais e das plantas, mas não pode em nenhuma maneira suportar semelhantes sobrecargas.

Nos faltará o ar

Dentro de alguns anos será dificil continuar respirando. Talvez no ano 2.000 será impossível. O tráfego terá quadruplicado, enquanto que os bosques terão sofrido um desapiedado desmatamento (cortes de árvores); as margens de segurança serão então mínimas e os danos que forem causados ao plancton com os inseticidas e herbicidas e outras contaminações não necessitarão ser excessivos para levar ao homem até seu último alento. O campo será coberto pelos cadáveres dos animais, mortos alguns por asfixia e outros de fome e sede; as plantas secarão apenas mostrando o tenro caule pela superfície; as árvores serão convertidas lentamente em uma espécie de farinha calcinada. E o homem, talvez protegido por algum invento que lhe dê forças para suportá-lo, contemplará a hecatombe apavorado e consciente de que seu fim já não admite nem a mínima espera.

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